Thiago Okamura, engenheiro de áudio (Mixer e Masterizador)
Meu interesse por música começou no final da década de 1980, ouvindo bastante rock n roll. As músicas tinham atitude, poesia... Os músicos eram virtuosos. A tecnologia foi proporcionando novas formas de transformar o som dos instrumentos. 
Quando eu tinha uns 11 anos, peguei emprestado um violão, mas ele estava detonado. O braço estava meio descolado do corpo, faltavam 2 cordas, parecia um berimbau. Me diverti muito brincando de tocar e tentando construir os acordes nesse violão. Mas como era impossível afinar e sequer tocar nele, decidi que investiria numa guitarra. 
Comecei a fazer aulas de guitarra e me interessei cada vez mais pela música. Lembro que não queria fazer mais nada a não ser tocar guitarra. Passei a estudar mais música e menos na escola, o que fez meu rendimento cair e eu decidi parar de trabalhar e focar nos estudos. 
No ano seguinte (1997), escolhi fazer colégio técnico de publicidade, e lá montei minha primeira banda. Tocávamos só classic rock. Depois de muito ensaio, começamos a tocar em barzinhos, pizzarias e festas.
Meu interesse era música o tempo todo. Sempre tocando em bandas e indo nos estúdios para ensaiar. Quando eu entrava nos estúdios e via aquelas mesas de som, aqueles equipamentos cheio de botões, um monte de microfones, o pessoal compondo, gravando as músicas, aquele ambiente me agradava bastante. Me interessava muito em como fazer aqueles instrumentos soarem bonitos, realistas, como se a gente estivesse lá do lado da banda quando gravaram a música. Sentindo aquela energia que a música passa, acionando emoções diversas, que nos leva a vários períodos de tempo.
Passei a trocar serviços no estúdio, para que pudesse passar o máximo de tempo vendo o pessoal trabalhar e aprendendo tudo o que conseguia. Mas isso não era diariamente, já que estudava e trabalhava em outras áreas.
Comecei a estudar por conta própria (livros, revistas especializadas e conversando profissionais do ramo. Como o meu interesse pelo áudio só aumentava, resolvi investir num curso de áudio num estúdio chamado Sonique - Piraquara Records (2006). Lá aprendi os conceitos e fundamentos do som, da acústica, foram muitas aulas de física pra conseguir entender o que acontece com o som dentro de diversos ambientes e assim poder fazer a melhor captação possível. Esse curso durou 6 meses, e quando terminou, passei a ajudá-los nas gravações do estúdio.
Quando finalmente decidi largar tudo e só investir minha carreira profissional no mundo do áudio, fui contratado pelo estúdio Fusão/Tonelada (2007), que na época tinha como donos, os sócios Rodrigo e Thiago Bianchi (vocalista do Shaman). Eles são produtores de engenheiros de áudio e me ensinaram muito como gravar. Lá tive a oportunidade de contribuir com muitos artistas e produtores de rock, metal, reggae, pop, rap, gospel, e até publicidade. Fiz muitos amigos que compartilharam suas experiências e conhecimentos.
Dois anos depois, após alguns testes, fui contratado pelo estúdio Na Cena (2009), hoje Trama Na Cena. Um estúdio enorme, com várias salas e muito bem equipado. Trabalhei como assistente, engenheiro de gravação e mixer. Aprendi com engenheiros renomados que pacientemente sanaram muitas das minhas dúvidas e que compartilharam suas experiências comigo. Colaborei com a produção de vários artistas mainstream, bandas de rock, pop, sertanejo, samba, pagode e orquestras, foi sensacional.
Depois de 1 ano na correria doida que era esse estúdio, fui para a Gravodisc, um estúdio onde o foco era pagode e sertanejo. Participei de algumas sessões, e pouco tempo depois, o estúdio Tonelada me chamou de volta. Mas já com outro dono, Rodrigo Soeiro, já éramos amigos antes de ele arrendar o estúdio. 
Como ele era produtor de música Gospel, o foco do estúdio passou a ser esse. Trabalhei com músicos excelentes, gravei, mixei e masterizei muitas músicas lá. E após 2 anos, o estúdio resolveu fechar e eu passei a trabalhar como freelancer (2010).
Em todo esse período, sempre estudei bastante sobre o assunto, li muitos livros, aprendi como usar diversos equipamentos, modernos ou vintages. Já havia muito mais informações na internet, o que possibilitou estar sempre atualizado.
Trabalhando como freelancer, colaborei com diversos estúdios, produtores, gravadoras no estado de São Paulo. Desde a gravação, edição, mixagem e masterização. Foram muitos dvds também, shows e eventos ao vivo. Também dei aulas e consultorias sobre todo o processo de produção.
Mas como tudo não é só alegria, o estresse e a ansiedade me fizeram repensar sobre toda essa jornada de trabalho que eu estava levando. Decidi então focar na etapa que mais me fascina, a mixagem.
Com uma mixagem bem equilibrada, a gente ouve os instrumentos com mais nitidez, sente o punch ou a delicadeza que o artista quer proporcionar ao público. Para passar o sentimento, a mensagem, a mix deve estar de acordo. Com toda dinâmica e equilíbrio, nós podemos ter a sensação de entrar na música, nos contagiando pela vibração que as frequências nos proporcionam.
Por 12 anos investi de 12 a 16 horas por dia mixando, masterizando e estudando sobre o assunto.
Hoje, sou casado e tenho filho. Sou privilegiado por trabalhar em casa e poder me dedicar a família. Estando sempre que possível de cabeça fresca e animado faz toda a diferença na hora de extrair o melhor que a música tem a oferecer. 
Não trabalho mais tantas horas por dia, pois coloco todo o conhecimento que acumulei durante todos esses anos nas músicas que mixo e masterizo todos os dias.
Hoje, acumulo uma experiência com mais de 200 bandas e artistas, uns 500 projetos entre CDs, DVDs, singles e EPs, filmes, curta metragens e jingles. Milhares de músicas gravadas, mixadas e masterizadas por mim. E milhões de views em canais de streaming.